segunda-feira, 21 de março de 2011

Apresentação da encenação.


Apresentação

O projeto começou a ser construído no ano de 2009, onde culminou como uma cena de conclusão de semestre. No ano de 2011 o desejo de ampliar o experimento deu forma ao projeto de encenação do texto completo da peça Vestir os Nus. Essa peça apesar de não ser das mais conhecidas do dramaturgo Pirandello, tem em sua constituição fortes traços da temática de Pirandello, como a metalinguagem e o conflito entre o ser e o parecer que culmina em um jogo de aparências. Nessa montagem utilizarei o expressionismo como linguagem poética, pois se acreditava em pintar as angústias humanas e trazer a tona o que há por baixo da camada exterior. A encenação pretende criar um universo que permita ao espectador enxergar a ficção da fábula, mas também visualizar a grandeza dos sonhos e desejos das personagens, mostrá-los nus em seus desejos, seja esses íntegros ou imorais. Narraremos a história de Ersília, uma moça que se torna personagem de uma história real, mas mentirosa e que sonha em ser uma heroína de um lindo romance, fictício e utópico.

A encenação:

A encenação utilizará as palavras são de Pirandello, assim como as personagens e as situações dramáticas que compõe o texto. Mas é a temática do texto que realmente impulsiona essa montagem, a relação entre o ser e o parecer, típica na obra de Pirandello. De forma tragicômica o autor retrata o homem perante a sociedade, o que somos e como agimos em conflito ao que é esperado de nós. O sentimento humano não obedece a leis ou convenções sociais, somos ainda seres instintivos, seguindo impulsos e desejos que podem ir de encontro ao que se estabeleceu como certo ou errado. Meio a esse confronto estão os personagens de Vestir os nus, que intimamente são movidos por seus desejos, mas estão em conflito com a obrigação de manter as boas aparências. Nessa trajetória eles mostram a capacidade de mentir, enganar, iludir e ferir para encobrirem quem realmente são. A encenação mostra a crueldade de ser quem se é e expõe a estrutura podre por trás das fachadas, expondo o sentimento dos que se mascaram, expondo a nudez de quem se veste.

O autor descreve a forma física que imagina os personagens e o lugar onde eles se encontram. Temos como proposta reinterpretar essas rubricas e as reescrever, apropriando-se não da forma, mas da essência dos personagens. Para isso foi necessário entender sobre o que se trata o texto e em que contexto as personagens estão inseridas. Após essa análise, associei o meu desejo em expor o lado obscuro e visceral da obra, ao ideal de arte da escola de pintura e cinema expressionista. O expressionismo que se volta contra o mero figurativismo da realidade, desejando expor o sentimento, a subjetividade humana, o drama social, os vícios e os horrores. A forma então dá vazão ao conteúdo, onde se opta pela utilização de cores irreais e de formas recortadas, que se preocupam em expor de forma dramática sentimentos suprimidos.