quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A protagonista 2009

Vera Pessoa, Gessé Araújo, Rebeca Dantas e Larissa Raton


A cena intitulada "A Protagonista" foi adaptada do texto Vestir os Nus, mais precisamente o primeiro ato, onde as personagens Ersília e Ludovico começam a se conhecer. A cena fez parte da mostra da graduação em direção teatral da UFBA, em 2009.2. Nesse semestre estavamos estudando o teatro de vanguarda e os diferentes manifestos que surgiram nessa época. As referências para a preparação corporal dos atores e também para a plástica da cena foi inspirada no movimento expressionista, muito forte no cinema e na pintura. Obras como o "O Gabinete do Doutor Caligari" e "Metropolis" serviram como fonte de pesquisa. O trabalho teve uma boa repercussão entre os colegas de faculdade, o público e o professores.

No elenco da cena estavam as atrizes Vera Pessoa, Larissa Raton e Rebeca Dantas e o ator Gessé Araújo. Apesar do texto só pedir uma atriz no papel de Ersília, optei por dividir o papel entre três interpretes, que apesar de vestidas da mesma forma, tinham perfis, vozes e qualidades diferentes. Essa escolha está ligada ao estudo da personagem, que procura ser outra pessoa, a fim de evitar a si mesma.

Na montagem de 2011, o texto será montado na íntegra, sujeito a algumas adaptações.
A peça conta com outras personagens, que compõe a trama e são fundamentais para
a tenebrosa vida de Ersília Drei .

Primeira Leitura




Ao ler o livro A anatomia do drama de Martin Esselin, lembro que tive um momento revelador. O autor afirma que um diretor ao ler uma peça e sentir que gostaria de a ter escrito, deve com certeza montá-la. Foram as personagens e as situações dramáticas que despertaram o meu desejo de fazer dessa obra o meu espetáculo de formatura.

No ano de 2009, durante as aulas da professora Catarina Sant´Anna, trabalhamos com textos dramáticos do autor italiano Luigi Pirandello (1867-1936). Dentre os textos lidos "Vestir os Nus" escrito em 1922, prendeu minha atenção. A peça não está entre as mais aclamadas do dramaturgo, mas é escrita dentro da temática pirandelliana o "ser x parecer". Durante a peça, as personagens tentam corrigir ou esconder fatos tortuosos de seus passados ao assumir "máscaras" de civilidade.

Para a montagem de conclusão do IV semestre, adaptei o primeiro ato da peça. A cena teve duas apresentações na sala 05 da Escola de Teatro da UFBA, e teve no elenco as atrizes Vera Pessoa, Larissa Raton e Rebeca Dantas no papel de Ersília Drei e o ator Gessé Araújo no papel de Ludovico Nota.

Em "Vestir os Nús" a protagonista Ersilia Drei é uma moça pobre e sofrida, que chega a residência de Ludovico Nota,um famoso romancista. Ersília é dona de um passado cheio de máculas,do qual ela tenta fugir desesperadamente. No entanto, uma mentira pública faz com que todos os fantasmas de seu passado voltem para assombrá-la.



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Pesquisa- Universo imagético

Década de 20- onde se passará a ação



Fotografía: SORIA CASTRO Modelo: Alba Vicente  Maquillaje: JUANI GOMEZ / JuAni GóMeZ

A montagem será estilizada em modelos estéticos da década de 20. Período em que o expressionismo alemão alcança seu ápice. Abaixo um texto que servirá como material de pesquisa para a fundamentação dos desenhos de figurinho e maquiagem.

Uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das jazz-bands e pelo charme das melindrosas - mulheres modernas da época, que frequentavam os salões e traduziam em seu comportamento e modo de vestir o espírito da também chamada Era do Jazz.

A sociedade dos anos 20, além da ópera ou do teatro, também frequentava os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood e seus astros, como Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks. As mulheres copiavam as roupas e os trejeitos das atrizes famosas, como Gloria Swanson e Mary Pickford.
A cantora e dançarina Josephine Baker também provocava alvoroço em suas apresentações, sempre em trajes ousados
.

Livre dos espartilhos, usados até o final do século 19, a mulher começava a ter mais liberdade e já se permitia mostrar as pernas, o colo e usar maquilagem. A boca era carmim, pintada para parecer um arco de cupido ou um coração; os olhos eram bem marcados, as sobrancelhas tiradas e delineadas a lápis; a pele era branca, o que acentuava os tons escuros da maquilagem.

Croqui publicado na "Folha da Noite", em 16 de setembro de 1926A silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos, leves e elegantes, geralmente em seda, deixando braços e costas à mostra, o que facilitava os movimentos frenéticos exigidos pelo Charleston - dança vigorosa, com movimentos para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno. O modelo mais popular era o "cloche", enterrado até os olhos, que só podia ser usado com os cabelos curtíssimos, a "la garçonne", como era chamado.

A mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos.
Em 1927, Jacques Doucet (1853-1929), figurinista francês, subiu as saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas das mulheres - um verdadeiro escândalo aos mais conservadores.

Croqui publicado na "Folha da Noite", em  14 de abril de 1921A década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Durante toda a década Chanel lançou uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso.

Outro nome importante foi Jean Patou, estilista francês que se destacou na linha "sportswear", criando coleções inteiras para a estrela do tênis Suzanne Lenglen, que as usava dentro e fora das quadras. Suas roupas de banho também revolucionaram a moda praia.
Patou também criava roupas para atrizes famosas.

Os anos 20, em estilo art-déco, começou trazendo a arte construtivista - preocupada com a funcionalidade, além de lançamentos literários inovadores, como "Ulisses", de James Joyce. É o momento também de Scott Fitzgerald, o grande sucesso literário da época, com o seu "Contos da Era do Jazz".

No Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna, realizada por intelectuais, como Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, levou ao Teatro Municipal de São Paulo artistas plásticos, arquitetos, escritores, compositores e intérpretes para mostrar seus trabalhos, os quais foram recebidos, ao mesmo tempo, debaixo de palmas e vaias. A Semana de Arte Moderna foi o grande acontecimento cultural do período, que lançou as bases para a busca de uma forma de expressão tipicamente brasileira, que começou a surgir nos anos 30.

Croqui publicado na "Folha da Noite", em 7 de maio de 1925Em 1925, pela primeira vez, os surrealistas mostraram seus trabalhos em Paris. Entre os artistas estavam Joan Miró e Pablo Picasso.

Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização das fábricas, do rádio e do início do cinema falado, que criaram, principalmente nos Estados Unidos, um clima de prosperidade sem precendentes, constituindo um dos pilares do chamado "american way of life" (o estilo de vida americano).

Toda a euforia dos "felizes anos 20" acabou no dia 29 de outubro de 1929, quando a Bolsa de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua história. De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando toda a economia dos Estados Unidos, e, consequentemente, o resto do mundo. Os anos seguintes ficaram conhecidos como a Grande Depressão, marcados por falências, desemprego e desespero.

Referências: